Assim que uma troca na NFL é oficializada, a conversa inevitavelmente passa a ser para qual lado saiu como vencedor. Com a ausência de negociações entre vários equipes como vemos na NBA, as trocas da NFL são geralmente vistas como uma espécie de empate. Para que um lado tenha ganho, o outro - assim segue a lógica - deve necessariamente ter aberto mão de muita coisa.
Negociações ruins como Herschelle Walker indo para o Minnesota Vikings e criando a dinastia Dallas Cowboys, o New Orleans Saints dando toda a sua classe de draft para contratar Ricky Williams e o Indianapolis Colts trocando uma escolha de primeira rodada pelo "fantasma" de Trent Richardson tornam mais fácil a ideia de que cada negociação tem um vencedor e um perdedor.
No entanto, esse não é sempre o caso. Às vezes, ambos os lados conseguem o que precisam.
A troca Rivers-Manning
No dia do Draft de 2004 aconteceu uma das negociações mais dramáticas da história da NFL. O quarterback Eli Manning, terceiro filho do Hall da Fama Archie Manning e irmão do então quarterback do Indianapolis Colts, Peyton, era apontado como a primeira escolha após quatro anos de destaque em Ole Miss. San Diego tinha a primeira escolha e não estavam convencidos por Drew Brees, em seu terceiro ano na liga. Parecia uma jogada perfeita. No entanto, Manning não queria ir para os Chargers e deixou claro nas reuniões pré-draft que não o faria.
O New York Giants entrou em cena e se ofereceu para trocar escolhas de primeiras rodadas (os Giants tiveram a quarta escolha geral), bem como uma terceira rodada no draft daquele ano e a primeira e a quinta rodadas do Draft do ano seguinte. Assim, os Chargers selecionaram Manning e os Giants escolheram Rivers, mas foram trocados no Draft Day.
Os Chargers tiveram um titular por 15 anos, oito temporadas no Pro Bowl e uma dúzia de recordes de franquia, incluindo jardas aéreas (59.271), passes para touchdowns (397) e campanhas que termiram em vitórias (32). Além disso, as escolhas recebidas se tornaram o defensive end Pro Bowl, Shawne Merriman, e do kicker Pro Bowl, Nate Kaeding, enquanto a escolha do quinto round foi enviado para o Tampa Bay Buccaneers em uma troca posterior.
Os Giants também tiveram um titular por 15 anos, com quatro Pro Bowls e mais de 20 recordes de franquia, incluindo o recorde inquebrável da NFL de passe completo mais longo (99 jardas). Claro, os Giants também conseguiram duas vitórias no Super Bowl contra o New England Patriots.
Michael Vick por Ladainian Tomlinson
Em 2001, antes da implementação da escala salarial para novatos, um aspecto fundamental da preparação para o Draft era a disputa financeira entre as equipes e suas possíveis escolhas. Essa é parte da razão pela qual o Oakland Raiders realizaram a famosa escolha pelo kicker Sebastian Janikowski na primeira rodada do Draft de 2000 – isso porque eles não podiam pagar outras posições devido à sua situação de teto salarial.
De volta a 2001. Nas semanas anteriores ao Draft, o San Diego Chargers tinha a escolha número um e queria selecionar o quarterback da Virginia Tech, Michael Vick, mas não conseguiram chegar a um acordo contratual com ele.
O Atlanta Falcons, que precisava desesperadamente de um quarterback depois de uma temporada com campanha 4-12 com Danny Kanell, Doug Johnson e Chris Chandler tentando completar passes, ofereceu a 48ª escolha geral, a 67ª escolha geral e o kicker/wideout Tim Dwight. Os Chargers aceitaram e usaram as escolhas para selecionar o running back Ladainian Tomlinson, o cornerback Tay Cody e o wide receiver Reche Caldwell.
Tomlinson era um talento geracional, um Pro Bowler constante e se tornou uma lenda da franquia. Os outros jogadores não tiveram muito destaque, mas só Tomlinson valeu a pena. Os Chargers ainda não tinham um quarterback, mas conseguiram um com Rivers na temporada seguinte.
Em troca, os Falcons ficaram com Vick.
Vick foi uma revelação como quarterback. Devastador como corredor e passador, Vick ajudou na evolução da NFL para um estilo de ataque mais dinâmico e ganhou três convites para o Pro Bowl antes de seus problemas legais.
Brady leva Gronk para Tampa
Quando Tom Brady se mudou de forma surpreendente para o Tampa Bay Buccaneers em 2020, encerrando uma parceira de 19 anos com o New England Patriots, ele começou a recrutar como um impulsionador da SEC.
Os Bucs contrataram o wide receiver Antonio Brown, a dupla de running backs Leonard Fournette e LeSean McCoy e o tackle Joe Haeg. Os Bucs, de repente, ficaram repletos de armas no ataque, mas tinham uma fraqueza na posição de tight end.
Brady pegou o telefone e ligou para o ex-companheiro de equipe e aposentado Rob Gronkowski.
Gronkowski era uma presença constante no time princial do All Pro, mas passou um ano fora da liga depois de se aposentar devido às constrantes lesões.
Brady o convenceu a voltar. Ainda tecnicamente sob contrato com os atriots, Gronk precisava convencer New England a trocá-lo.
Os Bucs fecharam um acordo para enviar uma escolha de quarta rodada para New England em troca de Gronk.
Após um ano de recuperação, Gronkowski voltou a desempenhar algo que se aproximava do seu melhor em Tampa, sendo titular em todos os 20 jogos da camanha do título dos Bucs no Super Bowl. Na temporada seguinte, ele jogou mais 14 partidas antes de se aposentar pela segunda vez.
O futuro membro do Hall da Fama acumulou mais de 1.600 jardas recebidas e 16 touchdowns, enquanto ajudava Brady a se reerguer em um novo time. Você certamente não pode definir um preço para o segundo Super Bowl de uma franquia. New England só conseguiu uma escolha na quarta rodada, mas Gronkowski decidiu se aposentar e se recusou terminantemente jogar por eles novamente, então é melhor do que nada.
Diggs queria sair de Minnesota
Uma estrela na posição de wide receiver de repente decide que quer um novo time? Uma história tão antiga quanto o tempo.
Foi exatamente isso que aconteceu com Stefon Diggs no verão de 2020.
Após mais um tropeço dos infelizes Vikings nos playoffs da temporada anterior, Diggs se cansou e pediu uma troca.
Os Vikings aceitaram robusto pacote do crescente Buffalo Bills, que concordou em enviar uma série de escolhas em troca de Diggs. Os Vikings tiveram uma escolha de primeira rodada em 2020, bem como uma escolha de quinta e sexta rodadas, e uma escolha de quarta rodada em 2021.
A primeira dessas escolhas foi Justin Jefferson, um wide receiver de sucesso imediato atualmente no caminho do Hall da Fama, com 5.396 jardas recebidas em três temporadas e meia.
O Bills conseguiu em Diggs uma estrela motivada, que atingiu outro nível com Josh Allen. O braço estrondoso de Allen encaixou perfeitamente com as habilidades de Diggs e o recebedor liderou a liga em recepções e jardas em sua primeira temporada. Ele foi Pro Bowler em cada uma de suas três primeiras temporadas em Buffalo.
Matthew Stafford por Jared Goff
Depois de fracassar no desafio final em 2019, perdendo para o New England Patriots em um Super Bowl sem nenhum brilho, o técnico Sean McVay percebeu que precisava de um novo quarterback. Depois de três temporadas com o ex-Berkeley Bear Jared Goff, os Rams queriam um jogador mais confiável para executar o ataque de McVay.
Em março de 2021, eles concordaram em negociar pelo veterano quarterback do Detroit Lions, Matthew Stafford. Goff foi para o outro lado, junto com as escolhas de primeira rodada de 2022 e 2023 e uma escolha da terceira rodada de 2021. Os Rams abriram mão de uma grande quantidade de escolhas no draft, mas a aposta rendeu frutos imediatos. Stafford se encaixou perfeitamente no ataque dos Rams e os ajudou a vencer o Super Bowl sobre o Cincinnati Bengals.
Stafford sofreu com lesões no segundo ano, mas se recuperou em sua terceira temporada em Los Angeles e parece estar voltando ao seu melhor.
Os Lions adicionaram Goff, e as escolhas foram Jahmyr Gibbs, Sam LaPorta, Jameson Williams, Ifeatu Melifonwu e Brodric Martin.
Muitos desses jogadores, especialmente o renascido Goff, foram fundamentais para que os Lions tivessem a sua melhor campanha em décadas.
Depois de um início difícil com 3-13, Goff ajudou os Lions a alcançar o segundo lugar na NFC Norte em 2022 e os colocou na liderança da divisão no meio da temporada de 2023. Ele voltou ao Pro Bowl em 2022.
Os Rams provavelmente foram os vencedores desta troca, já que ganharam um título do Super Bowl e ainda têm um quarterback entre os 10 primeiros com Stafford, mas Detroit parece ser um time do futuro graças à sua disposição de trocar sua estrela QB.