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Octávio Pudivitr, em entrevista exclusiva à DAZN: "Não gosto de ver vídeos de luta, gosto é de futebol"

DAZN Portugal
Octávio Pudivitr, em entrevista exclusiva à DAZN: "Não gosto de ver vídeos de luta, gosto é de futebol"DAZN
O pugilista luso-moçambicano tem um dos maiores combates da sua vida a 18 de maio, na Arábia Saudita

Octávio Pudivitr, luso-moçambicano vai defrontar o ucraniano Daniel Lapin para o título mundial WBA Continental.

A luta vai acontecer num dos maiores palcos do mundo, em Riade, na Arábia Saudita, na mesma noite em que Fury e Usyk se defrontam também.

Em entrevista exclusiva à DAZN conduzida pelo jornalista Pedro Afonso, o pugilista português contou como está a fazer a preparação para um dos maiores combates da sua vida, da questão da perda de peso e confessa que prefere ver futebol a boxe. 

 

Octávio PudivitrInstagram

Hoje é dia 9 de maio, portanto estamos a 9 dias do grande combate. Como é que estás?

Estou cansado, o nível de treino tem sido muito intenso. O mais difícil, para além de treinar, é estar a treinar fora. Dá aquelas saudades dos filhos, da família... Da comida, do clima, das paisagens, de tudo. Então acho que tem sido isso o mais desafiante para mim. Porque é a primeira experiência que tenho de um campo fora de Portugal, tão longo. Às vezes sinto-me com saudades de casa, não é? Mas quanto ao resto é o habitual. É a carga de treino, é o treino tático, é o treino técnico, é o treino explosivo. É um pouco de tudo. Tem sido uma preparação para um título mundial. Vou lutar contra um adversário que é o mesmo que eu. Então tem sido um treino também muito tático. Porque a gente vai lutar com um canhoto, que tem 1,98m. Temos que adaptar o meu estilo ao estilo dele. E ver como é que a gente consegue fazer o brilharete. 

Qual é a preparação que há? Há algum trabalho dentro do ringue? Trabalho aqui fora do ringue? Há análises de vídeos? Há preparações que vocês fazem?

Eu digo sempre isso, muita gente pergunta. Eu digo sempre a mesma coisa. Eu raramente vejo vídeos de luta. Aliás, eu não gosto de ver vídeos de luta, não é uma coisa que eu gosto. Se falarmos de futebol, eu adoro ver futebol, sou fanático pelo desporto, mas lutas eu não gosto. Então eu deixo essa análise para os treinadores, para eles analisarem. Eu aprendi a desligar um pouco porque a ansiedade é gigantesca. Na última semana é que eu dedico-me um pouco mais a analisar porque os meus treinadores já fazem esse trabalho por mim. No treino fazemos um trabalho específico para o estudo do meu adversário.

Qual é a rotina diária nestes nove dias que faltam? Ou seja, houve uma rotina até agora. E agora haverá outra rotina? Ou tentas manter a mesma durante toda a situação?

A nossa rotina começa sempre com dois treinos por dia, às vezes três treinos por dia. Temos corrida, temos preparação física, temos treino de boxe técnico, tático. Temos também tempo com um pouco de carga, fazemos umas semanas mais intensas e outras semanas mais baixas. Não estamos ali três ou quatro meses sempre em piques. Quando entramos na última semana, fazemos com uma carga mais baixa para ajudar a recuperar os índices físicos e o desgaste dos últimos meses, das últimas semanas. Começamos a fazer um treino mais em queda, mais preocupado com o peso, mais preocupado com o táctico. Não tanto com o físico, não tanto de explosão

E as horas de sono? A alimentação? Também são mais aliviados? Ou é uma coisa mais rígida? 

A alimentação vai piorando. Essa é a pior parte. Porque estamos em déficit calórico por causa do peso, para conseguir garantir o peso no dia da pesagem, que é um dia antes da luta. E sentimos essa quebra e para compensar temos menos carga de treino. Mas desta vez estou muito bem, eu costumava estar nesta altura ainda muito longe do peso, mas desta vez estou muito perto do peso. Estou a 3 ou 4 quilos do peso. É tranquilo. 

E a quantidade de peso que já perdeste? Como é que te está a afetar mentalmente? Está a mexer contigo? Como é que estás a lidar com essa perda de peso?

Eu acho que a perda de peso é parte do trabalho mental. É muito importante. Eu acho que se eu não perdesse peso antes das lutas mentalmente não estaria bem. Porque o combate começa aí, quando reduzimos o peso, reduzimos a comida. Começamos a sentir que estamos a entrar na luta. 

Como é que tem sido o trabalho para preparar este encontro com o Daniel Lapine?

As dificuldades todas que passei acabam por te blindar mentalmente para estarmos mais fortes. Mas claro que é uma pressão extra saber que ele treina com o melhor da atualidade, nos pesos pesados, que é o Usyk, mas quem vai estar no ringue é o Daniel. Às vezes não é fácil conseguir fazer essa distinção, e para a nossa realidade aqui em Portugal é muito difícil, mas eu acredito que eu vou ter o apoio e o carinho. Tenho tido realmente apoio e o carinho do público, isso também nos ajuda muito animicamente a estar bem. O apoio da família. A compreensão que estes dias a gente não está tão sorridente, somos um pouco mais bruscos com toda aquela pressão. Vamos estar a apresentar-nos para milhões de pessoas pelo mundo todo, isso é uma pressão extra. Já cheguei a dizer que quem me dera estar a jogar futebol, estamos ali 11 no campo. Se algum falhar, eu estou lá para ajudar. Infelizmente estou neste desporto, que é eu e mais um. Em qualquer problema só há um culpado, que sou eu. 

Tens pensado muito no momento em que vais entrar no ringue? Passas as cordas e entras? 

Às vezes dá-me um flashback. Às vezes me dá-me um flashback. Mas eu por norma sou um atleta que depois de entrar no ringue esqueço o resto, esqueço o público. Mas aqui estamos a falar de uma dimensão a que nós não estamos habituados. Nós aqui em Portugal lutamos para mil pessoas, mil e quinhentas. Nós estamos a falar de uma arena que nem sei quantas pessoas vão estar lá, dizem que  sáo 20 mil. Estamos a falar quase de um estádio de futebol a ver apenas duas pessoas. Só quando estiver lá é que vou conseguir perceber realmente o impacto da adrenalina que vai ter em mim.

Mas nos treinos tens pensado nisso? Ou seja, tens pensado... Tens alguma frase na cabeça? Alguma coisa que queiras seguir até chegares a esse dia? 

Eu sou uma pessoa muito religiosa. A coisa que eu me pergunto sempre é: porque é que estou aqui? Existem milhões de atletas, mas porquê eu? Ter essa conexão espiritual com Deus para tentar perceber o porquê de ele me escolher para estar nesta posição. Tenho trabalhado muito isso de perceber se realmente eu estou aqui por algum propósito e por valor também. Por isso mesmo que eu acho que será uma excelente luta, uma boa luta, até das melhores lutas da noite. 

 

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