O St. Pauli está de regresso à Bundesliga após 13 anos.
Em casa, frente ao VfL Osnabruck, último classificado, venceram por 3-1 e garantiram a entrada na próxima temporada da 1.ª divisão alemã.
Apesar de o palmarés do clube não ser dos mais invejáveis da Alemanha - na verdade, contam apenas com 1 título de campeões da 2. Bundesliga em 1976/1977 - o St. Pauli conta-nos muitas histórias que vão para lá das 4 linhas.
A cultura do St. Pauli e dos seus adeptos: a importância das causas sociais
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Nos anos 30, o Governo da Alemanha levou a cabo diversas políticas antissemita que atingiram o futebol, pugnando pela expulsão de todos os judeus dos clubes de futebol. A maioria cumpriu com o que foi imposto, mas o St. Pauli resistiu. Até 1937, Wilhem Kock (presidente), recusou-se a aderir ao partido do Estado, apenas cedendo para conseguir manter o clube vivo. Aos dias de hoje, são proibidos quaisquer cânticos racistas e neonazis no Millerntor-Stadio, mas podemos ouvir ser entoado "Fascismo nunca mais! Guerra nunca mais! Terceira divisão nunca mais!".
Durante os anos 80, altura em que o St. Pauli oscilou entre a 2. Bundesliga e a Bundesliga, a cidade de Hamburgo sofreu um forte impacto com a automatização da indústria de construção naval - o que levou ao aumento do desemprego -, bem como com o crescimento do número de crimes organizados e o estigma criado em torno dos portadores de doenças sexualmente transmissíveis. Neste contexto, o grupo "Black Block" foi-se juntando nas bancadas do estádio Millerntor, atraíndo punks e pessoas de outras subculturas que ali viram um local seguro e livre de preconceito.
O St. Pauli acaba, assim, por ser conhecido como um clube bastante inclusivo, estando comprometido com diversas causas sociais, sejam elas de apoio à comunidade LGBTQIA+, aos refugiados de guerra, ao meio ambiente e ao combate à pobreza infantil, insurgindo-se sempre contra o "futebol moderno".
A caveira enquanto símbolo máximo: como se popularizou?
Por essa altura, o símbolo que atualmente conhecemos começou a aparecer - a caveira que faz lembrar os piratas de outros tempos. A ideia não foi logo bem recebida pela direção e velha guarda do clube, por ser vista como representação de violência. Ainda assim, uma loja independente começou a vender merchandising com o icónico símbolo e foi sucesso instantâneo. Atualmente, o clube detém os seus direitos de uso.
O primeiro clube na Alemanha a ter um guia oficial de princípios
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Em 2009, o St. Pauli tornou-se no primeiro clube da Alemanha a adotar um guia oficial de princípios, votado em Assembleia Geral. Neste guia, é possível ler, por exemplo:
- "Os patrocinadores e parceiros comerciais do FC St. Pauli e dos seus produtos devem estar em concordância com a responsabilidade social e política do clube"
- "A venda de bens e serviços no FC St. Pauli é orientada não só por considerações comerciais, mas também pelos princípios de compatibilidade social, oferta diversificada, sustentabilidade e ecologia."
- "A tolerância e o respeito nas nossas interações são pilares importantes da filosofia do St. Pauli"
- "Não há “melhores” ou “piores” adeptos. Cada um pode exprimir-se como entender, desde que o seu comportamento não entre em conflito com o acima referido"
Todas estas disposições acabaram por consagrar de forma escrita aquilo que já vinham sendo os costumes e práticas do clube, dando-lhes mais força.
A Bundesliga está recheada de histórias como esta. Acompanha o campeonato alemão em direto e exclusivo na DAZN para não perderes nenhuma delas!