Marcelino Toral abandonou o Marseille depois de realizar apenas sete jogos pela formação da Ligue 1 e, em entrevista ao jornal L'Équipe, voltou a comentar as dificuldades que encontrou no emblema gaulês, onde viu o presidente, Pablo Longoria, ser ameaçado pelos adeptos mais radicais do clube.
«Estou melhor do que estava há três semanas, mas a minha equipa técnica e eu ainda estamos irritados, porque não nos deixaram trabalhar. Era uma situação irreal e sufocante. Esses adeptos radicais têm demasiada influência... e hoje é difícil erradicá-la», explicou, antes de recordar detalhes específicos da história.
«Uma certa noite, o presidente [Pablo Longoria] ligou-me e contou o que acabara de acontecer na sede do clube. Ele e outros líderes receberam ameaças e foram praticamente forçados a renunciar aos seus cargos. Fiquei triste, surpreso, também chocado porque o ameaçaram. Há certas coisas que não podemos aceitar, na vida e no futebol.»
O presidente optou por ficar, mas Marcelino abandonou o clube e foi entretanto substituído por Gennaro Gattuso. O espanhol, ex-Athletic e Valencia, ainda assim, garante que não tenciona voltar a experienciar algo semelhante: «Passei vinte anos como treinador, antes disso quase vinte anos como jogador profissional, mas nunca tinha visto isto na minha vida. E espero não voltar a ver. Neste ambiente de ameaças, mesmo que não haja medo, não se sabe qual será o próximo passo», atirou.
«É uma forma de proceder muito distante do que deveria ser a realidade, em 2023, num país civilizado. Futebol é paixão, sim, mas há limites. Tivemos dias muito difíceis. Dias muito longos e noites muito curtas, porque era impossível dormir.»