Nuno Espírito Santo é um dos muitos portugueses na Premier League.
O treinador português entrou para o Notthingham Forest a meio do ano passado e tem agora a possibilidade de começar a pré-temporada, pela primeira vez, com o clube, preparando toda a época.
Para este ano, o técnico quer criar uma identidade de jogo no plantel e pensar partida a partida para ter um ano mais estável.
Lê aqui a entrevista completa conduzida pela Inês Silva Pereira
Neste tempo de pausa conseguiu desligar do futebol ou esteve a pôr um olho também no Euro 2024.
Na nossa profissão é impossível desligar. O futebol é a nossa vida, portanto tive sempre, sempre atento ao que se passava nos Euros e agora nos Jogos Olímpicos. É desporto, é a nossa paixão.
Nuno, 2ª temporada do Nottingham Forest, mas agora desde o início. É mais desafiante preparar uma temporada desde o início?
Não, é melhor. É melhor e é mais fácil. É difícil entrar quando as coisas estão a meio. O impacto tem que ser sempre de uma forma muito cuidada porque já há muito trabalho para trás que não controlamos. Agora, desde o princípio, consideramos que é mais fácil, melhor e podemos tirar mais proveito deste tempo de pré-época para consolidar muitos aspectos.
O que é que tem sido diferente neste tempo para o Nuno aqui já no Nottingham Forest, em comparação, claro, com a temporada passada?
Essencialmente, a capacidade que temos tido de trabalhar muito bem com um grupo de jogadores mais estável, mais concreto, com mais certezas do que queremos e do que eles esperam de nós, o que nós podemos transmitir.Portanto, tem sido muito bom.Comparativamente à temporada passada, não podemos, porque os parâmetros são totalmente diferentes. Hoje, felizmente, temos um grupo muito mais consolidado de jogadores que sabem o que temos que fazer para o nosso futuro.
Uma das perguntas mais difíceis que tenho para si é esta, o que é que é uma boa época para o Nottingham Forest? O que é que o Nuno considera ser uma boa temporada?
Se nós conseguirmos, desde o primeiro momento, que esse primeiro momento será o primeiro jogo de competição contra o Bournemouth, já ter uma ideia que nos caracterize, que nos identifique, ao fim ao cabo ter uma identidade que depois conseguimos adaptá-la e evoluir consoante a competição, isso é uma boa época. O clube, na minha opinião, precisa de claramente ter uma ideia, uma identidade.
Isso aliado, acredito, também àquilo que serão os objetivos que o Nuno vai delinear também para esta temporada com o Nottingham. Já nos pode dizer que objetivos serão esses?
Muito fácil, muito fácil. Melhorar dia após dia. Não há que fazer grande futurologia em relação à competição. É um jogo atrás do outro, é um treino atrás do outro, para conseguir atingir o que eu falava entretanto atrás, é consolidar uma ideia.
Quão desafiante para o Nuno é que esta temporada vai ser? Porque é uma temporada que o Nuno está preparado desde o início com o Nottingham, é uma temporada em que todos os clubes estão também a elevar aqui um bocadinho. O nível é a Premier League, quão desafiante é que esta temporada vai ser?
Todas as temporadas na Premier League são um desafio enorme para qualquer equipa. Para qualquer equipa, independentemente dos objetivos. É uma liga muito competitiva, todos os jogos são extremamente difíceis, em casa, fora de casa, porque em cima de tudo há muita qualidade nos plantéis das equipas da Premier League e isso faz com que a competição seja por um lado inesperada e por outro lado para quem está envolvido muito, muito, muito competitiva, muito exigente, esse é o maior desafio. Nós tentarmos competir bem e manter ao largo da época o nosso nível exibicional, se possível melhorá-lo.
Perguntava-lhe pelo desafio, porque a última temporada foi desafiante, contudo a resolver-se só ali na última jornada.Que lições é que se retiram também da última temporada e se já houve também essa primeira conversa com o plantel?
Sim, sim, sim. Aprendemos muito, aprendemos muito da época passada. Foi um ano muito difícil com muitos fatores exteriores que perturbaram a harmonia que nós pretendíamos. Houve muitas questões relativamente ao fair play financeiro, aos castigos, tivemos lesões, tivemos jogadores fora na CAN em números extremamente exagerados, um plantel demasiado extenso. Portanto, o nosso objetivo e a primeira conversa já foi, já foi. Cada dia é importante, cada dia temos de dar o melhor de cada um de nós para chegarmos fortes e competitivos.
Tem o plantel motivado para esta temporada?
Bastante. Felizmente temos tido a sorte de estar a trabalhar com jogadores muito comprometidos e isso é fundamental.
E por falar em plantel, Nuno, a importância, acredito que seja alta, de manter jogadores que são núcleo-chave que foram também na última temporada?
Sim, isso é o mais importante. Foi o que nós transmitimos desde que acabou a época. Transmitimos à Direção, ao clube, a nossa ideia e que se conseguirmos até ao final do mercado mantermos os nossos jogadores nucleares, essas são as nossas melhores contratações, sem dúvida.
Já houve cinco entradas oficiais neste mercado de transferências. O que é que, se o Nuno nos puder dizer, o que é que procura também colmatar com estas entradas, o que é que procura acrescentar também aqui ao plantel?
Equilíbrio, equilíbrio, essencialmente equilíbrio. Não é fácil melhorar um plantel que já tem alguma qualidade, dado que nós procuramos sempre alguma coisa diferente que o jogador nos possa dar. Quem chega tem que nos dar uma coisa diferente, seja ela técnica, tática, o que for. Portanto, é essa, nas entradas que tivemos procuramos ser muito cirúrgicos no que queremos acrescentar ao plantel a nível de qualidade. Portanto, estamos muito contentes com as chegadas, mas como disse antes, enquanto o mercado estiver aberto temos de estar muito atentos.
Por isso é que lhe perguntava também se o plantel já está fechado...
Acredito que não. Sabe que não.Nunca está fechado.
Nuno, terceira época consecutiva do Nottingham Forest aqui na Premier League, que é um número importante e interessante também para o clube. Perguntava-lhe, já com meia temporada com esta aí no clube, se a consistência destas estadias na Premier League tem sido a chave também para os resultados que o Nottingham Forest tem conseguido. E para se bater, claro, com clubes do top 6.
Eu tive meio ano, dentro desses dois anos tive meio ano. Foram anos muito difíceis para o clube. É muito complicado sair do Championship e imediatamente conseguir ser estável na Premier. É muito difícil. Eu sei, por experiência própria, já vivi esse ciclo. Ser consistente, como diz, é fundamental, mas eu acho que enquanto clube ainda não atingimos essa consistência necessária para definitivamente dizermos que podemos aspirar a mais coisas. Temos de consolidar definitivamente esse aspecto de estar na Premier League, ser uma equipa competitiva, não ter subsaltos durante a época. Acho que o clube está a fazer um bom trabalho nesse aspecto, em blindar-nos e não estarmos preocupados com questões externas, que são fundamentais para o rendimento do jogador. Mas este terceiro ano é definitivamente um ano muito importante para o clube. A aspiração que o clube tem de crescer, de ser mais competitivo, passa primeiro por um passo segundo de estabilização na Premier.
Para terminarmos, Nuno, perguntar-lhe a nível pessoal. Falamos aqui já muito do clube também. Pergun tar ao Nuno anível pessoal, como é que está a encarar também este início de temporada?
Bem, estamos bem. Estamos a trabalhar muito motivados. Queremos e estamos a tentar por todos os meios que a nossa ideia passe o mais rapidamente possível para a equipa, para termos uma identidade. É fundamental conseguirmos ter uma identidade para que vocês todos se identifiquem. O Forrest joga assim, o Forrest tem estes comportamentos. Mas não muito mais além do compromisso. O compromisso é fundamental. O compromisso é fundamental. Acredito que todas as pessoas envolvidas no clube têm que definitivamente acreditar que, por mais pequena que seja a sua participação, é importante.